

Créditos: Marina Mattus/Confea
O Confea deu início, nesta quarta-feira (9/4), a uma visita técnica às obras porto de Chancay, no Peru, principal braço de duas das cinco Rotas de Integração Sul-Americana, idealizadas pelo governo federal, ligando o país ao Pacífico. A missão internacional conta com a presença do presidente Vinicius Marchese, de conselheiros federais, do presidente do Crea-PI e de representantes do Colégio de Engenheiros do Peru. O programa Rotas de Integração Sul-Americana havia sido apresentado pela ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, durante sua participação na abertura do 14º Encontro de Líderes Representantes do Sistema Confea/Crea, realizado em janeiro, no estádio Mané Garrincha, em Brasília.
“O principal ponto é que um projeto de infraestrutura que vai muito além do porto em si, com um parque industrial gigantesco. É um projeto de infraestrutura que impactará muito na economia do Peru, que se destacará muito nos próximos anos. E a gente se pergunta o que está sendo feito no Brasil parecido com isso? Não há nada nesse nível que vá impactar o Brasil. Mas esse porto vai impactar também no Brasil e no mundo inteiro, principalmente nesse momento dessa guerra comercial entre Brasil e China, vamos poder ver o quanto esse equipamento poderá ser estratégico para o país”, considerou o presidente do Confea, eng. civ. Vinicius Marchese.
Além de Vinicius, a comitiva do Confea é formada pelos conselheiros federais eng. civ. Neemias Barbosa, eng. mec. Aysson Rosas Filho; pelo superintendente de Engenharia do Porto de Santos, eng. Daniel Tamburus; pelo presidente da Copimera, eng. mec. Jorge Nei Brito; pelo gerente de Fiscalização do Confea, eng. Igor Fernandes; pelo presidente do Crea-PI, eng. civ. Hércules Medeiros; pelo eng. civ. e vereador de Picos, Francisco das Chagas de Sousa e pela gerente de comunicação do Confea, Marina Mattus. Do lado peruano, participam o decano Edwin Chavarri Carahuatay do Colégio de Engenheiros do Peru; o vice-decano Elías Tapia Julca e os engenheiros Marco Ramirez Chávez, Luz Castañeda Pérez, Lourdes Carreras Caprile, Ana Mercado del Pino, Susana Gálvez Polo e Verónica Cáceres Fernández.
O impacto da ligação do país com o porto de Chancay para o Nordeste é destacado pelo presidente do Crea-PI, eng. civ. Hérculos Medeiros. “Isso vai impactar diretamente no Brasil. Vai escoar as nossas mercadorias e facilitar a chegada de outros produtos ao país”, diz, informando que a visita ao porto peruano contribuirá para que ele apresente elementos para o porto de Luís Correia, em processo de construção no estado e cujo Terminal de Uso Privado já conta com contrato assinado junto ao ministério dos Portos e Aeroportos. Atualmente, as obras de terraplanagem, cais pesqueiro e da sede estão em andamento, tendo sido concluída a terraplanagem da retroárea do cais, com quase 80 mil metros quadrados de área. “Vamos levar as informações e aplicar o que está acontecendo aqui no Brasil, que irá se tornar um ponto focal importante do porto de Chancay”.
As diferenças entre o porto de Santos e o porto peruano foram destacadas pelo superintendente do Porto de Santos, eng. Daniel Tamburus. “Eles estão implantando muita tecnologia com 5G, veículos autônomos, mas a grande vantagem é o calado com 7.8 de profundidade. Isso prescindirá a necessidade de uma dragagem de manutenção, o que é um ganho financeiro muito grande em relação ao porto de Santos”, apontou, fazendo comparações com o tradicional porto paulista. Ele também elogiou a construção de um túnel de 1,8 quilômetro para amenizar o impacto da obra na cidade.
“Toda a parte administrativa está para lá e ele chega aqui por meio desse túnel, o que evitará impacto na cidade, que conta ainda com a destinação de impostos do porto e a geração de energia renovável, com todos os quesitos de sustentabilidade garantidos até 2050. Além do impacto para a nossa produção. O equipamento de Santos é bastante robusto e tem algumas diferenças, mas ambos valem muito e estarão conectados no futuro para explorar esse potencial do Brasil ”, completou o presidente Marchese.
Obra colossal
Operado pela peruana Volcan (40%) e pela chinesa Cosco Shipping (linha de navegação com mais de 1400 embarcações e presença junto a 37 portos, como Shangai, Hong Kong, Cingapura, Abu Dabi, Valência e Hamburgo) com investimentos iniciais de 1 bilhão e 300 milhões de dólares e descrito como o primeiro porto sul-americano com capacidade para receber navios de 18 a 24 mil contêineres em plena carga, contando com sistema de inteligência, guindastes elétricos e a maior profundidade da costa do Pacífico, o porto de Chancay dispõe de uma área, maquinário e uma logística que contemplam itens como:
• Área bruta de 843 hectares;
• Área inicial do porto: 141 hectares;
• Zona de contêineres: 80 hectares;
• Movimento anual inicial: seis milhões de toneladas;
• Área reservada para estação ferroviária;
• Potencial para zona econômica especial;
• Sistema de gerenciamento centralizado;
• eis guindastes ferroviários STS para contêineres;
• Seis guindastes móveis para carga geral;
• 15 guindastes de pátio ARMG;
• 60 veículos de pátio não tripulados
Importância econômica
A expectativa é de que o porto de Chancay otimize os prazos das exportações dos produtos brasileiros à região Ásia-Pacífico, reduzindo de 10 a 12 dias os 35 dias atualmente necessários para a nossa produção chegar à China. A iniciativa poderá alcançar ainda outros mercados asiáticos, da Oceania, África e da União Europeia.
Os principais importadores de produtos brasileiros no continente são: Chile, Paraguai, Colômbia e Uruguai, constituindo como o segundo principal destino das nossas exportações, em 2024, com valores na ordem de US$ 37 bilhões (11% do total). Desses, US$ 16,8 bilhões foram pelas alfândegas rodoviárias dos municípios gaúchos de São Borja, Uruguaiana e Chuí, paranaenses (Foz do Iguaçu) e sul-mato-grossenses (Corumbá).
Previstas pelo Consenso de Brasília, de maio de 2024, as Rotas de Integração Sul-Americana defendem a integração regional e desenvolvimento do continente. As rotas 2, Amazônica, e 3, Quadrante Rondon, abrangem o complexo portuário de Chancay, localizado a 70 quilômetros de Lima. A Rota 2 liga Manaus e o Amazonas ao Peru e ainda a portos da Colômbia e do Equador, enquanto a Rota 3 contempla os estados do Acre, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, além do Distrito Federal, envolvendo ainda a Bolívia.
Entre as potencialidades da rota 2, estão a exportação de produtos de bioeconomia, máquinas, equipamentos e bens de consumo para os três países citados, prevendo ainda a importância de têxteis, pescado e frutas. A Quadrante Rondon, Rota 3 do projeto, prevê a exportação de alimentos, máquinas, equipamentos e bens de consumo final para Peru, Bolívia e Chile, além do mercado asiático de itens como: automóveis, colheitadeiras, barras de ferro ou aço, preparações para elaboração de bebidas, condutores elétricos e óleo de soja. A expectativa é que sejam importados desses destinos itens como gás natural, ureia, NPK, boratos, GLP, cloreto de potássio e carvão vegetal, dentro de linhas como fertilizantes, têxteis e bens de consumo final.
A participação brasileira abrange 190 projetos do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e foi instituída por meio do Decreto 12.034/2024, que criou a Comissão Interministerial para a Infraestrutura e o Planejamento da Integração da América do Sul, envolvendo a Casa Civil da Presidência da República e os ministérios do Planejamento e Orçamento das Relações Exteriores; da Ciência, Tecnologia e Inovação; das Comunicações; do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços; da Fazenda; da Integração e do Desenvolvimento Regional; da Justiça e Segurança Pública; do Meio Ambiente e Mudança do Clima; de Portos e Aeroportos e dos Transportes.
Henrique Nunes
Equipe de Comunicação do Confea
Fotos: Marina Mattus/Confea
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